DEDICATÓRIA
-
Dedico este livro à minha família, a meu pai
Dariusz, à minha mãe Julia e ao meu irmão Lech (in memoriam).
-
E a
todos imigrantes de várias etnias que vivenciaram e sobreviveram
aos horrores da Segunda Guerra Mundial.
Wanda Zimny
REVEJA
É a narrativa de uma
vida. Ou me-lhor: de várias vidas. Uma mini epopeia familiar, na
qual a autora descreve em detalhes surpreendentes o cotidiano de uma
criança que viveu em três países, conheceu gente de muitos outros, e
além de tudo viu uma guerra acontecendo - não qualquer guerra - mas
a maior de todas!
Esta é a síntese de
duas histórias em uma. Na primeira parte, Wanda narra sua imigração
para o Brasil no período pós-guerra: as dificuldades, os incidentes,
a longa viagem de navio, e o dia-adia de quem deixava seu mundo para
começar do zero em outro. Na segunda parte, ela relata, através dos
olhos de sua mãe Júlia, todos os acontecimentos que levaram a
família Zimny a sair de sua amada Polônia rumo à Alemanha, e depois
de lá para o distante e desconhecido Brasil.
O livro está
dividido em duas partes distintas, mas não desenlaçadas. Os
acontecimentos de uma levam aos fatos da outra. O leitor vai poder
conhecer um relato direto de quem viveu a Segunda Guerra, sem
contudo perder o prazer de ler uma boa narrativa literária. A
história é tão envolvente que chega a parecer uma novela de ficção.
Wanda decidiu
escrever este livro para manter viva a memória de sua mãe, sua mais
íntima amiga e seu modelo de vida, e também para que os imigrantes
remanescentes daquela época, e seus descendentes, tenham o prazer de
ler sua história e de identificar-se com tais acontecimentos.
Sem muitos
familiares diretos vivos, a autora decidiu agir e fazer algo para
deixar como legado. A ligação com sua mãe sempre foi tão forte que,
de amiga e confidente, Wanda passou a ser também sua biógrafa,
dedicando a Julia o trabalho de uma vida.
Humberto Ohlweiler
Ayres, Professor de Língua Portuguesa e Literatura
PREFÁCIO
-
É uma honra e uma grande responsabilidade prefaciar esta obra.
-
Honra, por que em 2014, ao realizar estágio para a minha efetivação como
Assistente Social no CRAS (Centro de Referência de Assistência
Social) do bairro Cedro, no município de Alvorada, RS, conheci a
senhora Wanda, integrante do grupo de idosos, que me revelou o
seu desejo de escrever a história vivida por ela e sua família,
de origem polonesa, sobreviventes da segunda guerra mundial.
-
Observei o brilho e a emoção em seu olhar. E seguramente falei: "Então
coloque no papel toda a sua história e não desista de seu sonho!"
-
E ela, com seus 75 anos, apesar das dificuldades e da insegurança (saber
se teria a capacidade), deleitou-se a escrever; e quanto mais
linhas eram preenchidas, mais a sua memória contribuía. Como a
própria autora narra: "Parecia que sussurravam ao meu ouvido."
-
A história foi sendo delineada de forma muito especial.
-
Por isso me refiro à responsabilidade de descrever a obra, buscando a
sensibilidade que Wanda teve de falar da guerra com o seu olhar
de menina.
-
O livro é dividido em duas partes:
-
Na primeira parte, com o título A pequena Imigrante, a narrativa é a dor
de deixar a sua Pátria no período pós-guerra, e vir para o
Brasil. A convivência com várias etnias trouxe informações
ricas e de pouco conhecimento em sua realidade mesmo com o apoio
e amparo, dos antigos imigrantes aos novos. Enfim, as
dificuldades foram imensas...
-
Na segunda parte do livro, com o título Como tudo Começou, ela descreve
toda a história da construção de sua família: o casamento de
seus pais, pouco tempo depois o avanço da guerra, quando a
Polônia, como sendo o País mais próximo demograficamente, foi o
primeiro a ser ocupado, sendo que sua população passou a prestar
serviços aos alemães como empregados, e sem nenhum pagamento que
não fosse a alimentação.
-
Wanda viveu e conta com detalhes período este tão sofrido.
Percebe-se a resiliência e nos possibilita fazer uma profunda
reflexão: de quão preciosa é a vida; e apesar de todas as lutas
e dores, o propósito é sempre estar vivo.
-
A obra narra com detalhes toda a viagem ao Brasil em busca de um
futuro incerto, o convívio com diversos imigrantes, a amargura
de sair de sua Pátria e deixar os parentes, com a única certeza
de que não os veria mais e o sentimento de não pertencimento a
um mundo totalmente novo e diferente.
-
A história destaca também que a união e solidariedade minimizam as
diferenças e fortalecem o ser humano.
-
Creio que muitos imigrantes, ao lerem esta obra, irão se
identificar em várias situações vividas e se emocionarão.
-
Também é bastante relevante a convivência de amizade e
confiabilidade entre Wanda e sua mãe, Julia; era como se a mãe
estivesse passando para a filha Wanda toda a sua história e que
talvez um dia o mundo poderia vir a conhecer e reconhecer sua
vida em tantos outros protagonistas.
-
A obra é um legado de coragem e a constatação da superação de
tantos imigrantes, que lutaram pela sobrevivência cotidiana e
felizmente adotaram o Brasil como sua nova Pátria.
-
Quero salientar neste prefácio que os sonhos devem sim ser sonhados...
E que torná-los realidade é nossa missão. E foi exatamente o que
Wanda Zimny fez: realizar o sonho de escrever o livro da sua
vida, deixando real a possibilidade de todas as pessoas o
fazerem.
-
Parabenizo a autora e a todos (as) que contribuíram para a
realização deste sonho.
Carla Rosane Lopes de Freitas
Assistente Social
|